3 de dezembro de 2006

Ex-ditador chileno à beira da morte

O ex-ditador chileno Augusto Pinochet, 91, corre risco de morte após ser internado às pressas neste domingo no Hospital Militar de Santiago, logo depois de sofrer um ataque cardíaco.O porta-voz do hospital disse que o cateterismo realizado no ex-general foi "bem-sucedido" e que sua condição de saúde permanece "grave mas estável".No entanto, fontes médicas afirmaram que Pinochet corre risco de morte, e que o ex-general recebeu extrema-unção [sacramento reservado a quem está perto de morrer]. Pinochet foi internado na madrugada deste domingo após sofrer um ataque cardíaco. O porta-voz do ex-ditador, Guillermo Garin, confirmou a internação a uma rádio local, mas não forneceu mais detalhes.Pinochet passou os últimos anos morando em Santiago e enfrentando acusações de abusos aos direitos humanos e fraudes cometidos durante os 17 anos em que esteve no poder. Sob seu regime, mais de 3.000 pessoas foram mortas por sua polícia secreta. Apesar das acusações, o ex-general não chegou a ir a julgamento, já que sua equipe de defesa sempre alegou que sua saúde é muito frágil para que ele enfrente o processo judicial. Semana passada, quando completou 91 anos, ele divulgou um comunicado afirmando que assume a "responsabilidade política" pelos atos cometidos durante seu regime, mas que a única razão para suas medidas era "fazer do Chile um grande país e evitar a desintegração"."Perto do final dos meus dias, quero manifestar que não guardo rancor de ninguém, que amo a minha pátria acima de tudo, que assumo a responsabilidade política de tudo que aconteceu", afirmou o ex-ditador em mensagem lida por sua mulher, Lucía Hiriart. A nota foi lida diante de 60 partidários que foram cumprimentá-lo por seu aniversário em sua mansão, situada no bairro de La Dehesa, em Santiago. Pinochet é processado por crimes de violações dos direitos humanos, fraude ao fisco e uso de passaportes falsos no chamado Caso Riggs -- aberto após a descoberta de contas secretas no exterior, nas quais ele acumulou fortuna de US$ 26 milhões, cuja origem não foi determinada. O ex-ditador chegou a ser preso em diversas ocasiões em conexão com os crimes. Sua mais recente prisão ocorreu há apenas seis dias, devido ao assassinato de dois seguranças, ocorrido pouco depois do golpe de Estado de 1973, que o levou ao poder.

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