1 de maio de 2008

Tentativa de homicídio tem apoio em Carpina

Mototaxistas passando pela cidade com foices de papelão, um radialista trabalhando com colete à prova de balas, olhares desconfiados, opiniões divergentes e muito medo de falar. Esse era o clima no município de Carpina, na manhã de ontem. O evento de “recepção” ao prefeito Manuel Botafogo (PSDB) foi montado em frente à prefeitura, mas ele não apareceu. Coube à irmã do tucano e pré-candidata à Prefeitura de Lagoa do Carro, Judite Botafogo (PSDB), acalmar os ânimos. Ela agradeceu ao apoio e pediu para a multidão ir para seus lares “em paz”, negando-se a falar sobre o episódio da tentativa de homicídio contra o radialista Denis Araújo, sexta-feira passada. “Encontrei o povo dando essa solidariedade e, em nome da minha família, vim para agradecer”, explicou.
O secretário de Planejamento da cidade, José do Patrocínio, defendeu Botafogo e afirmou que as declarações do radialista são de 80% a 90% “falácias, mentiras”. “Eu tinha dado uma entrevista na rádio do próprio Denis, dizendo que era um movimento (dos sem-teto) de conotação político-eleitoral. Estavam presentes, antes do incidente, o diretor da rádio, vereadores e outras autoridades da cidade, como se estivessem antevendo o espetáculo que por certo ele (Denis) deve ter muito bem armado”, declarou.
Segundo Patrocínio, o prefeito não está foragido. “Refuto essa palavra foragido. A gente acha que quem quer dar sensacionalismo ao fato é a oposição. Ele está no Recife, e diante do que está acontecendo, não quer dar depoimento. Quem vai resolver isso é a polícia e a Justiça. A Imprensa pode até formar uma opinião corporativa”, acredita.

OPOSIÇÃO


No entanto, o vereador de oposição José Américo (PRB) ressalta que não é a primeira vez que Manuel Botafogo extrapola. “Já aprovamos quatro votos de repúdio. Ele já disse em praça pública que os vereadores eram prostitutas. Não é a primeira vez que ele ameaça o Poder Legislativo. Uma das acusações que ele enfrenta é a morte do vereador e radialista J. Cândido, que continua impune”, relembrou.
Segundo Américo, faixas no interior de veículos pagos pela prefeitura para levar estudantes para faculdades das cidades vizinhas, “incitavam a violência”. “A faixa dizia: Com ou sem facão eu voto no negão. Isso é falta de respeito. Os motoqueiros pela manhã, alugados com dinheiro público, passavam com imitações de facão”, denunciou.
A reportagem conversou com alguns mototaxistas, que pediram para não ser identificados, e eles confirmaram o pagamento de R$ 10 para “desfilar” com os “facões” feitos de papelão. O capitão Hélio Brito Gomes negou, de início, ter algum motoqueiro com a réplica da arma branca, mas depois admitiu ter apreendido um exemplar, mas se negou a mostrar à Imprensa, pois iria remeter ao comando da Polícia Militar. Manuel Botafogo não foi localizado pela reportagem.
Fonte: Folha de Pernambuco- 01-05

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