30 de agosto de 2009

Qualificação profissional cada vez mais perto dos nichos industriais


Por: Betto Aragão
O desenvolvimento industrial da cidade de Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste pernambucano tem sido pauta de muitas palestras, estudo de casos de estudantes e pesquisadores, trabalhos de conclusão de cursos universitários, enfim, o município ganhou notoriedade pela sua forma de se sobressair de crises econômicas e por ser destaque em pleno polígono da seca nordestina. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI está inserido em cada arranjo produtivo local, os chamados APLs pelo Brasil afora. A unidade Santa Cruz do Capibaribe atende em média 1200 alunos anualmente e profissionaliza uma classe que basicamente já nasce com o a confecção na veia.
-
São pessoas que buscam o fomento de sua sustentabilidade e o SENAI, dia após dia oferece cursos profissionalizantes de acordo com a necessidade de cada localidade. Na terra das confecções, a escola técnica desenvolve habilidades dentro do mercado local, que é a produção de vestuários. São alunos que buscam a escola para aprender a costurar, desenvolver peças mais sofisticadas, manutenção de máquinas industriais, dentre outros. Visando essa expansão industrial causando cada vez mais concorrência, o empresariado local precisa estar atento quanto a profissionalização de seus colaboradores. E pessoas bem treinadas são ferramentas primordiais para o desenvolvimento de qualquer área, confira na entrevista a seguir com a Diretora do SENAI Santa Cruz do Capibaribe, Cristina Barbosa!
-
Esses alunos são inseridos no mercado de trabalho via SENAI?
-
Sim, todos os alunos que passam pelo SENAI têm o apoio do IEL que é um instituto que envia os alunos para estágios nas empresas, e também nós temos o contato direto com as empresas, que buscam o SENAI para ampliar sua produção ou ocupar vagas disponíveis. Isso acontece muito com os alunos de costura e de mecânica.
-
Qual o perfil desses alunos?
-
Aqui nós atendemos dois públicos. Durante o dia são jovens entre os 14 e 21 anos que estão em busca da formação profissional para a entrada no mercado de trabalho, é o que chamamos de formação para o primeiro emprego. E outro público que nos procura muito, são os empresários ou os funcionários que já estão na empresa e que precisam de um aprimoramento ou até de uma requalificação profissional.
-
Como você caracteriza a vinda do SENAI para a cidade no tocante a qualificação industrial?
-
Em 1990, o SENAI começou em Caruaru, fazendo atendimentos as indústrias aqui do Pólo. A indústria de confecção tinha uma força perante a população, mas não tinha força na mídia. Era preciso fazer um trabalho que mostrasse que os nossos produtos podem brigar no mercado lá fora. Em 2000, izemos o planejamento estratégico da indústria de confecção, e lá foi apontado a necessidade de uma escola aqui em Santa Cruz do Capibaribe, já que a cidade tem essa característica de quase 90% de sua renda girar em torno da confecção. De 2002 para cá, quando a escola foi inaugurada nós tivemos grandes avanços na educação do município. Eu atribuo isso ao grande movimento que foi feito em prol da educação. Associações, CDL, prefeitura, o SEBRAE, todos começaram a olhar para que a educação seja tambem um diferencial competitivo nesse arranjo. A Escola do SENAI em Santa Cruz é um resultado concreto desse desenvolvimento e que foi seguindo com as implantações das faculdades de ensino superior também.
-
E o papel do SENAI?

O trabalho do SENAI é mais desafiador, porque temos uma estrutura física forte e recursos humanos qualificados, temos bons professores, consultores e tudo isso tem que ser usado pelo empresariado local. Mas já percemos uma mudança cultural, e atribuo este fato a força de vários atores que enxergam que, com educação o pólo se desenvolve muito melhor.
Desde que o SENAI se instalou aqui, quais as melhorias que se pode perceber na confecção local?
Ter no empresário o olhar da importância de educação. Nós percebemos hoje que não temos mais tanta dificuldade, como tínhamos em anos anteriores, para fazer o empresário entender que ele precisa qualificar o seu funcionário. E o que eu percebo hoje aqui em Santa Cruz é o desejo dos empresários de querer que cada dia esteja melhor. Isso esta representado no desenvolvimento dos produtos, a forma de apresentação, na qualidade no acabamento em toda a gestão empresarial.

Como o SENAI trabalha o empresariado local quanto a valorização profissional, uma vez que a questão cultural aqui é muito forte, em relação ao trabalho primário?

É uma atividade contínua. A mudança através da educação é uma mudança que fica. Mesmo com essa cultura forte que o nosso pólo se desenvolveu de ter a produção feita através de processos empíricos, ele tem se superado dia após dia, porque as pessoas começaram a entender que aquele dinheiro que chega ao fim de cada feira ele é passageiro. Ele precisa ter um planejamento na empresa que faça com que o fluxo de caixa seja contínuo, e só se consegue isso através de muito aprendizado e a escola é feita para isso, qualificar e capacitar as pessoas.

Qual a mensagem que você deixa aos empresários da cidade?

Nós temos de fato um momento muito importante para Santa Cruz doCapibaribe. Com essas estruturações que estão sendo feitas no Governo do Estado, com esse movimento de interiorização do desenvolvimento. Quando se pensa em um projeto de desenvolvimento sustentável, nós temos de ter um município fortalecido para receber esse desenvolvimento. E Santa Cruz precisa dar esse passo agora. Nós precisamos melhorar a estrutura das nossas empresas ter um distrito industrial, precisa melhorar a qualidade do nosso emprego, precisa que o funcionário tenha sua carteira registrada e que as empresas tenham condições de arcar com os tributos e impostos, e sabemos como é dificil em todo país para as empresas sobreviverem. É o momento de unir esforços, de darmos as mãos e mostrar que Santa Cruz pode está inserida dentro dos grandes pólos de desenvolvimento.

Nenhum comentário: