13 de novembro de 2009

Deu no JC

Identidade agreste

-

Nude, flúor, brilhos, tem de tudo nos cabides de Toritama, Caruaru e Santa Cruz do Capibaribe. Mas falta inovação. É o que revelam as entrelinhas do recém-lançado Guia da moda pernambucana

-

Carol Botelho

-

cbotelho@jc.com.br

-

A moda feita no Polo Agreste ainda não dita tendências, mas absorve. Procurando direitinho nas araras das confecções de Toritama, Caruaru e Santa Cruz do Capibaribe, é possível encontrá-las, ainda que desordenadas.

-

Nude, flúor, brilhos, estampas multicoloridas, T-shirts com ilustrações pop, saias de cintura alta, leggings metalizadas, tecidos com lurex, apliques de lantejoula, jeans com bordados, navy, safári. Tem de tudo um pouco. Mas ainda é preciso ter paciência para cascavilhar. Ao contrário das grifes que figuram nas passarelas e nos editoriais, a maioria das confecções do Agreste não tem cuidado em seguir uma continuidade de estilo na tendência explorada. “Os donos dessas empresas têm uma cultura de feira. Produzem mercadoria para consumo imediato, sem se importar com a fidelização do cliente”, analisa o estilista e consultor de moda Leopoldo Nóbrega.

-

A máxima, entretanto, não vale para todos. A preocupação com a qualidade da matéria-prima e do acabamento tem aumentado a cada ano. “As empresas estão investindo cada vez mais em qualidade e desenvolvimento de produção”, atesta o presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário (Sindivest), Fredi Maia.
-
Segundo ele, inovação é mérito de 20% das cerca de 20 mil confecções existentes na região, levando-se em consideração municípios vizinhos que já investem no segmento, como Brejo da Madre de Deus, Taquaritinga, Gravatá e Surubim. Mais pela quantidade que pela qualidade, o polo de confecção do Agreste já é considerado o segundo maior do País, atrás apenas de São Paulo.
-
O título tem chamado a atenção principalmente de compradores da região Norte, Bahia e Minas Gerais. Para diversificar e ampliar a clientela, os donos de confecção têm feito o caminho inverso: enviam representantes para vender as peças em todos os Estados do País. “As vendas fora de Pernambuco têm crescido 15% ao ano”, revela Fredi.
-
Buscando se organizar para atingir um público mais qualificado, donos de confecções de Santa Cruz do Capibaribe lançaram recentemente a quarta edição do Guia da moda pernambucana, com direito a desfile, showroom e rodada de negócios. O catálogo, que traz 37 marcas, foi promovido pela Associação dos Confeccionistas de Santa Cruz do Capibaribe (Ascap) com apoio do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e pela Prefeitura de Santa Cruz do Capibaribe. Dez mil exemplares serão distribuídos gratuitamente em todo o território nacional.
-
A seleção das marcas, porém, não contou com curadoria de moda. O catálogo congrega aquelas que passaram por uma qualificação do Sebrae e se disponibilizaram a arcar com os custos do evento, além da confecção e impressão da publicação. Daí algumas distorções, como o fato de o jeans, que é forte na região, estar representado por apenas duas marcas.
-
Ainda assim, o catálogo constitui um avanço no setor. “As empresas eram muito dispersas e o guia promove uma união importante para viabilizar sua atuação no mercado nacional”, declara Mário César Lins, responsável pelo projeto de confecções do Agreste no Sebrae.
-
Entre as empresas com melhor estrutura de vendas, pessoal e máquinas, informa Aroldo Ferreira, diretor comercial da Ascap, há marcas que mudam de coleção a cada 15 dias. Com o ingresso de designers de moda oriundos das novas faculdades da região, a porcentagem de confecções supereficientes tende a aumentar nos próximos anos.
-
DESFILE
-
De preferência sem levar em consideração os nomes esdrúxulos das marcas, como Dar’ttroid, Havair, Kikorum e Kanyon Radical, é possível fazer uma boa produção de verão com os looks mostrados nos desfiles. A Officio Próprio, por exemplo, apostou em polos listradas e aplicação de paetês nas T-shirts. Esta última peça foi a aposta da Tutti-Frutti, que veio com estampas de desenhos animados, referência clara ao estilista Alexandre Herchcovitch. A grife também apostou nas leggings em tons vivos e metalizados. Estampas, desta vez de oncinha, também foram as estrelas da Ragazze di Rio, que apostou em vestidos soltos. Modelos bandage dress ombré, mais ajustados, com um ombro só, bem anos 80, ganharam estampa metalizada na barra pela Purpurina.
-
Para os homens, o estilo surfwear é sempre bem representado pelas Sport Company, Joggofi e Rota do Mar. O mesmo vale para o beachwear, com biquínis listrados, estampas geométricas e cores quentes, da Areia Molhada e Iska Viva.

4 comentários:

Daniel disse...

Infelizmente preciso achar bom uma matéria negativa para minha cidade, mas felizmente espero que essa matéria abra os olhos do empresariado local para que os mesmos passem a dar valor aos profissionais da terra! Viram o que Leopoldo falou de vocÊs? Bem Feito???

Josivaldo disse...

Santa Cruz do Capibaribe tem jornalistas, produtores de moda, enfim, uma infinidade de profissionais, não sei praque vai se contratar gente de fora... tentem entrar no mercado de caruaru ou recife para vocês ver como que é... agora todo mundo que chega já pode entrar, por isso acontece matérias feito essa! que vergonha!!!

Anônimo disse...

ACHO QUE QUALQUER CRÍTICA TEM QUE SER ACEITA, NÃO VÍ NADA DE AGRESSIVO EM DIZER QUE OS PRODUTOS DE SANTA CRUZ ,AINDA ESTÃO LONGE DO BOM GOSTO,AO CONTRÁRIO ACHO QUE DEVERÍAMOS TRAZER PROFISSIONAIS DE FORA, FAZERMOS INTERCAMBIO, POIS ASSIM COLOCARIAMOS NOSSA IDENTIDADE,TEMOS MÃO DE OBRA, MAS FALTA INTELIGÊNCIA,BOM GOSTO,VISÃO, E PRA ISSO TEMOS QUE TER PARCEIROS, NÃO É POSSIVEL QUE UM MATUTO OUVINDO FORRÓ, FAZENDO CRIAÇÃO ESTEJA CERTO, E OS OUTROS ESTEJAM ERRADOS, QUEM NÃO TEM COMPETÊNCIA NÃO SE ESTABELECE, POR QUE QUEM VEM DE FORA FICA RICO NESTA CIDADE? ME RESPONDAM? POR QUE TEM A VISÃO, A EXPERIENCIA DE JA APANHOU, E VER EM NOSSOS ERROS A CHANCE DE NOS PASSAR, DAQUI A UNS ANOS NÓS SANATACRUZENSES, ESTAREMOS TRABALHANDO PROS FORASTEIROS, E ELES SERÃO OS DONOS DA CIDADE!! ESCERVAM O QUE ESTOU DIZENDO HOJE.

Anônimo disse...

A FEIRA JA É UMA REALIDADE DE NOSSAS FRAQUEZA COMO PRODUTO, NUM MERCADO GLOBALIZADO, ATIVO ,RÁPIDO E ATUAL, ESSE NEGÓCIO DE FEIRA, SULANCA JA ERA, O MERCADO ESTA MUDANDO, VAI MUDAR MAIS AINDA, TEMOS QUE MELHORAR TRAZER PROFISSIONAIS DE FORA, DAR OUTRO ASPECTO AOS NOSSOS PRODUTOS, OU O MUNDO SÓ TEM MARCELO TALBERT? ESTAMOS FICANDO REPETTTIVOS E ULTRAPASSADOS, ATÉ COMICOS, TEMOS AINDA UMA CAMADA DE EMPRESÁRIOS ANALFABETOS, QUE SO QUEREM COMPRAR CARRO E TERRENO, NÃO PENSAM GRANDE COMO A ROTA DO MAR,BASTA VER QUE OS GRANDES EVENTOS DE MODA NÃO ACONTECEM AQUI. PENSAM QUE EVENTO DE MODA ,TEM QUE TER BANDA DE FORRÓ-SACANAGEM, NÃO TEMOS NEM CONDIÇÕES DE RECEPCIONAR GRANDES EMPRESÁRIOS,COMPRADORES NEM NADA, TEMOS QUE NOS CUIDAR, POIS CARUARU ALÉM DE TER UM PREFEITO MACHO, É COBRADO POR PESSOAS INTELIGENTES, AH ESQUECÍ, CARUARU É CIDADE GRANDE!!! LÁ AS EMPRESAS REGISTRAM SEUS FUNCIONÁRIO E PAGAM SEUS IMPOSTOS, COISA QUE AQUI É PIADA DE MAL GOSTO.