19 de janeiro de 2010

O amor dos homens: as pré-condições necessárias

Geralmente falam por aí que “os homens são todos iguais”, não sem muita razão. Uma vez que, é da condição masculina ser mais previsível e ter um comportamento mais padronizado e assemelhado, não é nenhuma novidade. No campo dos relacionamentos amorosos talvez não seja muito diferente. Dentre outras coisas, a experiência de escuta psicanalítica de homens nos mostra grandes semelhanças na escolha das parceiras e companheiras, que não são coincidentes, e sim causais.

O psicanalista Sigmund Freud, com sua prática clínica, traçou quatro pré-condições inconscientes básicas para que um homem se apaixone por uma mulher. Claro que há, por vezes, a não clarificação consciente dessas pré-condições fantasísticas, mas isso não é motivo plausível para confirmar a exclusão de uma ou mais delas. São elas: a competição; a integridade sexual da mulher; a fidelidade e; o sentimento de recuperação da amada. Vejamos mais detalhadamente cada uma. Mas antes lembremos (como foi publicado no texto anterior, neste mesmo blog) que Freud antecipa, que as escolhas dos objetos amorosos estão vinculadas às impressões da relação com a mãe. Então, talvez tudo isso derive de um deslocamento do amor original pela mãe.
-
A primeira explicitação, a terceira pessoa injuriada na relação com a mãe é o pai, em um sujeito dito normal, sempre haverá a presença de uma função de pai, mesmo não sendo este uma pessoa. Assim, a curiosa expressão popular “todo homem gosta de uma mulher que se disputa”, tem sua origem pela competição dos carinhos e da atenção da sua mãe. Mas, o pai vence a “disputa” (ou pelo menos se espera que vença) e se nasce a segunda pré-condição: com outro homem, será que a mulher permanece integra sexualmente. Isto pode ser uma questão bem delicada em um relacionamento, já que há homens que fazem escolhas amorosas pautadas na virgindade ou na experiência sexual da mulher.
-
Pela perda da mãe enquanto mulher, o sujeito se vê em um estado de busca de uma substituta que seja fiel, como sua mãe não foi. E como é apenas uma substituta, a fidelidade de si para ela é facultativa, mas dela pra si se torna obrigatória. Um ponto alto no quesito machismo, e negativo na igualdade e reciprocidade sexual. Por fim, A quarta pré-condição tem como origem, uma compensação ou retribuição mais próxima possível da dádiva de dar a luz concedida pela mãe. Salvar uma mulher que é escolhida com base nas características de sua mãe, é pagar essa dívida. É o que Freud chama de “Fantasia da menina pobre”. Retirar a mulher de uma condição adversa, e lhe dar “qualidade de vida” é para o homem o orgulho de uma virilidade enrustecida.
-
Para amar, homens modernos talvez não mais precisem dessas quatro pré-condições, visto que o texto freudiano data já de cem anos e a vida tem mudado muito e por que não a mente? Porém, classicamente se percebeu que é muito comum nos relatos, a construção de uma fantasia de amor que às indicavam como essenciais. E se os homens são todos iguais, os de cem anos atrás e os de hoje são, no mínimo, muito semelhantes.

ps: como prometido, em breve trarei um texto abordando a questão da escolha amorosa nas mulheres. Por ser uma categoria mais instável, o desafio de escrever será maior.

Ulisses Nascimento, bacharelando do 9º período de Psicologia pela Universidade Estadual da Paraíba.

Um comentário:

Cristiano Morais disse...

Parabéns a você é Melqui por publicarem um texto interessante e intelectual, textos como esses não se ver na maioria desses blogs que noticiam mais fofocas políticas, que algo interessante como esse texto.
Acho que muitas pessoas de nossa cidade gostaria de ler um livro de Freud é outros autores mais não temos biblioteca, se temos desconheço onde fica é se temos em nossa cidade creio que os livros não estão em boas condições, pois me lembro quando à muitos anos atrás existia uma na rua grande que estava em péssimo estado.

Cristiano Morais...