1 de fevereiro de 2010

O Amor Narcísico: uma característica feminina de ser

Homens e mulheres adotam estilos inversos de amar, e isso não é muito difícil de notar. Parece até que estou falando do óbvio, tendo em vista que “homens são de Marte e mulheres são de Vênus”, que “homens fazem sexo e mulheres fazem amor” e que “os homens mentem e as mulheres choram”. É, acredito que todos nós sabemos que são dois pólos antagônicos, mas sempre vale a pena discutir um pouco mais.

Os homens têm uma característica mais simples de amar, isso já foi discutido aqui em outra oportunidade. O amor masculino é de muito investimento na pessoa ou objeto amado, há uma supervalorização desse objeto/pessoa. Para o psicanalista Sigmund Freud, pode ser encontrado um empobrecimento do eu em relação à energia que o move para a vida, em favor do objeto amoroso. É o que ele chama de amor de ligação. Isso significa que, um homem que ama, ama mais o objeto que a si próprio.
Na mulher, porém, a escolha de objeto vai se estabelecer de uma forma inversamente proporcional a que se estabeleceu no homem. A mulher experimenta um amor narcísico. Quanto a isso Freud nos diz “rigorosamente falando, tais mulheres amam apenas a si mesmas, com uma intensidade comparável à do amor do homem por elas. Sua necessidade não se acha na direção de amar, mas de serem amadas; e o homem que preencher essa condição cairá em suas boas graças”. Este amor próprio, no cotidiano, se manifesta inicialmente no cuidado milimétrico com a aparência, com o modo de se vestir, seus acessórios, a perfeição do cabelo, etc.. Conjugado com essa idéia, algumas atitudes masculinas que visem à valorização da mulher são sempre bem aceitas. A mais comum é o cavalheirismo, porém, sabemos que não é fácil se chegar à satisfação feminina.

Complementando esse mesmo argumento, Freud conclui que as mulheres narcísicas “exercem o maior fascínio sobre os homens, não apenas por motivos estéticos, visto que em geral são as mais belas, mas também por uma combinação de interessantes fatores psicológicos, pois parece muito evidente que o narcisismo de outra pessoa exerce grande atração sobre aqueles que renunciaram a uma parte de seu próprio narcisismo e estão em busca do amor objetal”.

Desta forma, para além de afirmar que as mulheres amam a si mesmas, com intensidade tal qual a que os homens as amam, Freud destaca a importância social da maneira de amar feminina. Como um esquema de chave-fechadura, o concílio de alguém que deseja dar amor é alguém que deseja ser amado. A supervalorização em si mesma atrai, em seu enigma de poder e autossuficiência emocional, o interesse masculino por aquela mulher.

Ulisses Nascimento, bacharelando em Psicologia pela Universidade Estadual da Paraíba.

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