Alcymar Monteiro: “Muitas bandas estão deturpando a nossa cultura, cantando pornografia e esculhambação”.
Por João Henrique e Yuri Guedes
29 Jun 2007
Com 30 anos de carreira e 42 álbuns lançados, Alcymar Monteiro já levou a música popular nordestina para países como França, Itália e Estados Unidos. Seus mais novos trabalhos são um CD gravado em espanhol (Forró Brasileño) e o primeiro DVD intitulado “Cultura Brasileira”, que retrata a diversidade cultural do folclore de cada região do país. Em entrevista ao Repórter Junino, ele falou sobre os seus mais novos trabalhos e rebateu a declaração feita pelo vocalista da banda Cavaleiros do Forró.
Repórter Junino: Alcymar Monteiro, um palco todo branco, você também todo de branco, isso é alguma superstição?
Alcymar Monteiro: Luiz Gonzaga uma vez me disse que a minha voz é inconfundível, mas eu precisava criar uma imagem para passar uma coisa própria. Então eu peguei esse chapéu que o senhor Artur Monteiro, meu pai, já usava; o branco que são todas as cores do universo. Então, se você vê alguém com esse chapéu e essa roupa e não for Alcymar Monteiro, é parecido com ele.
Repórter Junino: Você cursou a faculdade de Letras, mas preferiu se enveredar pela música. Porque você escolheu esse caminho?
Alcymar Monteiro: A arte veio no meu sangue; o artista nasce, ninguém fabrica o artista. Não há uma escola para isso. Você freqüenta alguns cursos de canto só para aperfeiçoar o que já sabe fazer. E eu cursei Letras, o que ajudou na formação da minha opinião, da minha maneira de ser. O artista de hoje tem que ter um curso superior pra que ele não seja surpreendido por perguntas de pessoas que também tem uma faculdade, como os jornalistas. E isso nos torna mais responsáveis e dignos para manter a nossa profissão.
Repórter Junino: Você já tem mais de 30 anos de carreira, na sua opinião, o que é representar a cultura nordestina?
Alcymar Monteiro: Antes de tudo é uma responsabilidade muito grande, porque você não pode pegar uma cultura que é do povo e jogar na lata do lixo pra ganhar dinheiro. Às vezes eu fico muito irritado com pessoas que não têm uma responsabilidade, não vêem a importância que o artista tem na representação da sua gente. A minha responsabilidade é de divulgar as coisas da minha terra. Nós temos o dever de enaltecer a nossa cultura, preservá-la para as futuras gerações.
Repórter Junino: Você já se apresentou em festivais internacionais, como o de Montreaux, na França. Como foi para você levar consigo a música nordestina?
Alcymar Monteiro: É muito importante para que o mundo conheça a verdadeira cultura nordestina. Nós somos um povo de 60 milhões de pessoas, temos música, sol, carnaval, são João, nós temos tudo; e temos que mostrar isso lá fora porque só assim que a gente constrói a identidade real e verdadeira do nosso país e do nosso querido Nordeste brasileiro.
Repórter Junino: Você pode falar um pouco mais sobre o "Forró Brasileño" e o DVD "Cultura Brasileira"?
Alcymar Monteiro: Esse é um projeto de oito anos, a gente veio montando e idealizando esse projeto e, hoje, ele está na rua como realidade. Eu fiquei um pouco surpreso, porque quando você faz um trabalho que não é muito comum, geralmente vem muita crítica contrária ao trabalho, mas o "Forró Brasileño" está sendo bem aceito. Quando eu canto em espanhol, o povo pode até não entender o que eu estou dizendo, mas compreende o que eu estou fazendo. E o mais importante é evoluir o forró para que se torne uma música do mundo todo.
Repórter Junino: O que a perda de Sivuca e Marinês representa para a cultura brasileira?
Alcymar Monteiro: É uma brecha enorme que se abre. Eu tive a honra de gravar com Marinês, tive a honra de cantar com Sivuca, que não era muito de cantar, mas ele tocou no meu disco e cantou comigo. E estes foram momentos singulares na minha vida, eu me eternizei ao lado desses mestres. Eu sou muito pequeno perto desses grandes artistas. Sivuca foi o primeiro a levar a música nordestina para o mundo. Marinês foi uma artista injustiçada porque no seu falecimento não foi feita nenhuma matéria em rede nacional.
Repórter Junino: Em entrevista ao site "Repórter Junino", Bell Oliver, vocalista da banda "Cavaleiros do forró" declarou que tinha certeza que se Luiz Gonzaga estivesse vivo teria evoluído e não teria ficado só no pé-de-serra. O que você, como defensor do forró tradicional, tem a dizer sobre essa declaração?
Alcymar Monteiro: Que ele respeite um astro da magnitude de Luiz Gonzaga, que gênio só nasce uma vez. Existe muita gente que está deteriorando o forró com pornofonia, com pornografia e sacanagem, então a gente deve respeitar os verdadeiros construtores da nossa Cultura Popular. Muitas bandas estão deturpando a nossa cultura, "deseducando" o jovem e fazendo uma lavagem cerebral nas crianças, cantando pornografia e esculhambação e isso eu não aceito. Não é possível que o errado ganhe do certo, que a mentira ganhe da verdade.
Repórter Junino: Você acha que o forró autêntico está perdendo espaço para as bandas?
Alcymar Monteiro: De forma alguma. Tem aí uma multidão cantando com Flávio José, que já ouviu o Zé Calixto e vai me ouvir e vai ao delírio. As bandas são uma mentira, elas não têm nada de novo, só querem pegar o dinheiro do povo e enganá-lo; é muito diferente de construir uma nação, com identidade, com valores. Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro sempre serão as duas pilastras que seguram o forró. As bandas vão passar e não vão deixar saudades, porque eles não respeitam a cultura e as novas gerações. Eles escandalizam a mulher no palco. Isso não é show de forró, é show de pornografia.
Repórter Junino: Alcymar Monteiro, um palco todo branco, você também todo de branco, isso é alguma superstição?
Alcymar Monteiro: Luiz Gonzaga uma vez me disse que a minha voz é inconfundível, mas eu precisava criar uma imagem para passar uma coisa própria. Então eu peguei esse chapéu que o senhor Artur Monteiro, meu pai, já usava; o branco que são todas as cores do universo. Então, se você vê alguém com esse chapéu e essa roupa e não for Alcymar Monteiro, é parecido com ele.
Repórter Junino: Você cursou a faculdade de Letras, mas preferiu se enveredar pela música. Porque você escolheu esse caminho?
Alcymar Monteiro: A arte veio no meu sangue; o artista nasce, ninguém fabrica o artista. Não há uma escola para isso. Você freqüenta alguns cursos de canto só para aperfeiçoar o que já sabe fazer. E eu cursei Letras, o que ajudou na formação da minha opinião, da minha maneira de ser. O artista de hoje tem que ter um curso superior pra que ele não seja surpreendido por perguntas de pessoas que também tem uma faculdade, como os jornalistas. E isso nos torna mais responsáveis e dignos para manter a nossa profissão.
Repórter Junino: Você já tem mais de 30 anos de carreira, na sua opinião, o que é representar a cultura nordestina?
Alcymar Monteiro: Antes de tudo é uma responsabilidade muito grande, porque você não pode pegar uma cultura que é do povo e jogar na lata do lixo pra ganhar dinheiro. Às vezes eu fico muito irritado com pessoas que não têm uma responsabilidade, não vêem a importância que o artista tem na representação da sua gente. A minha responsabilidade é de divulgar as coisas da minha terra. Nós temos o dever de enaltecer a nossa cultura, preservá-la para as futuras gerações.
Repórter Junino: Você já se apresentou em festivais internacionais, como o de Montreaux, na França. Como foi para você levar consigo a música nordestina?
Alcymar Monteiro: É muito importante para que o mundo conheça a verdadeira cultura nordestina. Nós somos um povo de 60 milhões de pessoas, temos música, sol, carnaval, são João, nós temos tudo; e temos que mostrar isso lá fora porque só assim que a gente constrói a identidade real e verdadeira do nosso país e do nosso querido Nordeste brasileiro.
Repórter Junino: Você pode falar um pouco mais sobre o "Forró Brasileño" e o DVD "Cultura Brasileira"?
Alcymar Monteiro: Esse é um projeto de oito anos, a gente veio montando e idealizando esse projeto e, hoje, ele está na rua como realidade. Eu fiquei um pouco surpreso, porque quando você faz um trabalho que não é muito comum, geralmente vem muita crítica contrária ao trabalho, mas o "Forró Brasileño" está sendo bem aceito. Quando eu canto em espanhol, o povo pode até não entender o que eu estou dizendo, mas compreende o que eu estou fazendo. E o mais importante é evoluir o forró para que se torne uma música do mundo todo.
Repórter Junino: O que a perda de Sivuca e Marinês representa para a cultura brasileira?
Alcymar Monteiro: É uma brecha enorme que se abre. Eu tive a honra de gravar com Marinês, tive a honra de cantar com Sivuca, que não era muito de cantar, mas ele tocou no meu disco e cantou comigo. E estes foram momentos singulares na minha vida, eu me eternizei ao lado desses mestres. Eu sou muito pequeno perto desses grandes artistas. Sivuca foi o primeiro a levar a música nordestina para o mundo. Marinês foi uma artista injustiçada porque no seu falecimento não foi feita nenhuma matéria em rede nacional.
Repórter Junino: Em entrevista ao site "Repórter Junino", Bell Oliver, vocalista da banda "Cavaleiros do forró" declarou que tinha certeza que se Luiz Gonzaga estivesse vivo teria evoluído e não teria ficado só no pé-de-serra. O que você, como defensor do forró tradicional, tem a dizer sobre essa declaração?
Alcymar Monteiro: Que ele respeite um astro da magnitude de Luiz Gonzaga, que gênio só nasce uma vez. Existe muita gente que está deteriorando o forró com pornofonia, com pornografia e sacanagem, então a gente deve respeitar os verdadeiros construtores da nossa Cultura Popular. Muitas bandas estão deturpando a nossa cultura, "deseducando" o jovem e fazendo uma lavagem cerebral nas crianças, cantando pornografia e esculhambação e isso eu não aceito. Não é possível que o errado ganhe do certo, que a mentira ganhe da verdade.
Repórter Junino: Você acha que o forró autêntico está perdendo espaço para as bandas?
Alcymar Monteiro: De forma alguma. Tem aí uma multidão cantando com Flávio José, que já ouviu o Zé Calixto e vai me ouvir e vai ao delírio. As bandas são uma mentira, elas não têm nada de novo, só querem pegar o dinheiro do povo e enganá-lo; é muito diferente de construir uma nação, com identidade, com valores. Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro sempre serão as duas pilastras que seguram o forró. As bandas vão passar e não vão deixar saudades, porque eles não respeitam a cultura e as novas gerações. Eles escandalizam a mulher no palco. Isso não é show de forró, é show de pornografia.
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