24 de janeiro de 2008

Os oásis estão acabando?

Por: Bruno Bezerra
Em sua edição de número 2044, a revista VEJA enfoca uma nova realidade na questão da violência homicida no Brasil. Com base no estudo do sociólogo Julio Waiselfisz, a Veja mostra que o número de assassinatos por 100 mil habitantes vem se mantendo inalterado nas capitais e subindo no interior há praticamente uma década.
Mato Grosso lidera o ranking dos estados em que os homicídios mais cresceram no interior. Em segundo lugar aparece o estado de Pernambuco, seguido do Rio de Janeiro e Pará.
Segundo o estudo, duas cidades contribuíram de forma considerável para Pernambuco aparecer na segunda colocação neste macabro ranking: Santa Cruz do Capibaribe e Caruaru. O motivo: o incremento da economia das duas cidades.
"A riqueza atrai contingentes populacionais em busca de oportunidades. Se a segurança não acompanha esse crescimento, o aumento da violência é certo", afirma o sociólogo responsável pelo estudo.
Waiselfisz resumiu bem a situação. A violência homicida tem sido uma conseqüência de outra nova realidade nesses últimos dez anos, a distribuição do desenvolvimento em Pernambuco, que antes se fazia pujante apenas na região metropolitana do Recife, e nos últimos anos encontrou morada também na região agreste do estado. Especialmente com o pólo de confecções nas cidades de Santa Cruz do Capibaribe , Caruaru e Toritama.
A violência tem sido na verdade uma dupla conseqüência, uma do desenvolvimento econômico do agreste e outra da incapacidade do estado de acompanhar em ritmo razoável esse desenvolvimento.
Pode parecer estranho dentro do contexto, entretanto, o que observo nas duas cidades pernambucanas citadas na matéria da Veja – Santa Cruz do Capibaribe e Caruaru – é uma valorização da vida. Nessas cidades, as oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional estão baseadas em sua imensa maioria no espírito empreendedor das pessoas. Ou seja, as oportunidades de fato existem.
Trocando em miúdos: com trabalho, inteligência, planejamento e uma maior e melhor presença do estado, o mesmo desenvolvimento econômico que gera um certo grau de violência pode (e deve) ser também a principal arma na diminuição da criminalidade. Violência se combate também com desenvolvimento.
O estado em qualquer uma das esferas, não pode deixar que o desenvolvimento sirva de combustível da violência. A matéria da Veja afirma “Os oásis estão acabando”. Já eu penso que o desenvolvimento do agreste pernambucano está apenas começando.

Nenhum comentário: