29 de agosto de 2009

Santa Cruz do Capibaribe, cidade-fantasma.
-

“Sabe esses dias em que horas dizem nada... Que você nem troca o pijama e preferia estar na cama...”. Pois é, essa frase da música “Tédio” (da banda Biquini Cavadão) casa muito bem com a realidade de nossa cidade quando o assunto é o que fazer (ou a falta do mesmo) nos fins de semana. O que se vê é uma cidade quase que fantasma, não pelo fato de estar com poucas pessoas, mas sim pelo motivo de que boa parte da população não tem opções diferentes de lazer e que infelizmente fica em casa ou se contenta com o pouquíssimo que ainda é oferecido por aqui. Se pergunto pra “fulano ou cicrano” o que ele vai fazer, recebo a seguinte resposta na maioria das vezes: “E eu sei!? Talvez vá na 29 ou então tomar ‘uma gelada’ em algum bar...” (para uma cidade com mais de 70 mil habitantes, ouvir isso de muita gente que conheço chega até a ser triste).

-
Hoje testemunhei algo “estranho” (pra não usar outra palavra) assim por dizer, vindo de nosso Diretor de Cultura, onde ele estava naquele momento exercendo seu papel profissional pelo qual ele é mais conhecido entre os Santacruzenses (não como Diretor de Cultura, mas sim na figura de seu personagem “Pitombinha”). Estava eu a comer meu lanche em uma determinada lanchonete quando vejo o mesmo fazendo “gracinhas” com um grupo de Hip Hop, onde escuto a seguinte expressão “Se eu tirar o meu fundo...” até aí tudo bem (normal), mas a forma como o mesmo estava, quase que de “quatro e passando a mão na bunda”... Chega até a ser cômico (pra não dizer outra coisa). E o mesmo ainda falou “Vamos ressucitar o Capibaribe Rock...”. Enfim... Preciso dizer mais alguma coisa?

-
Onde está a cultura e as opções de lazer quando precisamos realmente delas? Será que está “na 29” ou em algum bar? Ou talvez em cima de um carro de som passando a mão na bunda? E eu sei!? O que vejo é um total descaso aqui na nossa cidade quando se trata de tais assuntos. Só vou dar dois exemplos, onde os demais deixo que vocês leitores desse desabafo imaginem. Um: para se assistir a uma peça de teatro (onde uma Companhia formada de amigos que se dedicaram, ralaram por mais de três meses ensaiando) é quase que necessário levar uma lanterna pra iluminar o palco, visto que falta de uma iluminação adequada (é verdade que colocaram alguns canhões de luz extra, mas é só um paleativo mesmo para não ficar ainda mais vergonhoso). Dois: o projeto Som na Praça, evento este que estava se consolidando entre os jovens da cidade, onde se podia ouvir boa música e assistir a apresentações de dança e outras coisas aqui mesmo de nossa cidade (sempre em dois fins de semana de cada mês) e que agora está parado a mais de 04 meses.
-
O que se nota nas festinhas de rua, de clubes ou em alguns “pontos turísticos” de nossa cidade é o número cada vez maior de jovens (muitos deles menores de idade, onde raramente vejo uma vigilancia por parte de nosso Conselho Tutelar) se embriagando e usando as ruas próximas como “moteis a céu aberto”, onde penso que isso mudaria se nosso Poder Público promovesse iniciativas que visassem mostrar outras alternativas de lazer.

-
Me pergunto, quando vamos acordar? Termino esse texto com a frase da mesma música “Tédio,esse é o programa...”. Espero que, para conseguir ter um sorriso no meu rosto ao sair de casa, não tenha que ver novamente alguém com a mão em outro “lugar diferente”.

Por Thonny Hill, estudante de Biologia da UEPB e jornalista em horas vagas.

11 comentários:

Melk Leão disse...

Realmente, Tonny, vc relatou muito bem a triste realidade de nossa cidade e suas poucas opções de "lazer". Também fico triste em saber que nos fins de semana não temos pra onde ir. Quem tem uma condição melhor vai pra suas fazendas, sítios, casas de praia, mas.. e a grande maioria que não tem como ir a lugar algum? será que é muito dá uma condição pra que eles possam ao menos ter um lugar digno onde possam ir com a familia, ahh.. temos o parque florestal!! Estamos radicalizando, pois temos sim para onde ir-mos!! Mas, isto basta? O que temos de incentivo a cultura e esportes na nossa cidade? um teatro ás escuras... uma quadra esportiva onde não se planejam torneios com todos da cidade pra q aja uma integração e que a sociedade possa viver mais proxima um do outro e assim mais amigos. É tiste sim, enquanto isso, vamos ficando em casa com a bunda no sofá vendo tv e o tempo passar... que programa de indio...

Unknown disse...

APENAS QUERIA PARABENIZAR O TONNY POR SUA PREOCUPÇÃO COM A NOSSA CULTURA,E QUE ELE RELATA É A MAIS PURA DAS VERDADES.O COMENTÁRIO DE MELK LEÃO DISPENSA COMENTÁRIO POIS É A NOSSA TRITE REALIDADE. Abraços R.PACAS

Unknown disse...

APENAS QUERIA PARABENIZAR O TONNY POR SUA PREOCUPÇÃO COM A NOSSA CULTURA,E QUE ELE RELATA É A MAIS PURA DAS VERDADES.O COMENTÁRIO DE MELK LEÃO DISPENSA COMENTÁRIO POIS É A NOSSA TRISTE REALIDADE. Abraços R.PACAS

Anônimo disse...

concordo com o tony, mas o povo quer asim nao tem jeito , eles não cobram das autoridades que votaram.

Anônimo disse...

Realmente triste... E as consequências desse descaso com a cultura e a educação em nosso município transparece até mesmo nas linhas do presente texto, em que o universitário de biologia e "jornalista nas horas vagas" produz um texto tão capenga, tão inconsistente, tão ruim de ler, embora aborde uma questão séria e verdadeira.

Anônimo disse...

Se ao menos Santa Cruz tivesse um cinema!

Magda Rocha disse...

Thony, parabéns!! Concordo com tudo que você relatou. Infelismente as pessoas que são "responsáveis" pela cultura de nossa cidade, não têm o mínimo de competência para tal. apesar de não ter o apoio das "autoridades competentes" as iniciativas individuais daqueles que realmente se preocupam são valiosas.

Betto Skin disse...

Parabéns Tony por tão sensatas observações, concordo plenamente com seu ponto de vista. Quanto a frase que ele proferiu: "vamos ressuscitar o Capibaribe in Rock", vou procurá-lo imediatamente e explicar ao mesmo que o Capibaribe in Rock não é Lázaro para ressuscitar, pois, ao contrário do que gostariam alguns indivíduos, leia-se políticos sem comprometimento com a cultura, ele nunca morreu e em Novembro próximo, chega a sua 12ª edição consecutiva mais vivo do que nunca!
Quanto a falta de opções para os fins de semana, tenho uma boa notícia: algumas bandas se juntaram
e alugaram o antigo Cine Marisa Neves para ensaiarem, mas a proposta é realizar um evento por mês com shows, exibição de filmes e/ou curtas, além de som mecânico com a presença de DJ's, tudo para reunir o jovem em um ambiente sadio levando ainda informação e conhecimento ao mesmo, pois considero a inacessibilidade as informações o fator principal pela
estagnação na qual se encontra a juventude local.
Vejo bandas na cidade formadas por jovens com média de 20 anos que ainda estão tocando RPM, Mamonas,
Engenheiros, não desconsiderando os artistas citados, de forma, mas vejam só, são bandas que estavam no auge há 15, 20, 25 anos atrás!!
Eu ainda tinha cabelo quando estas bandas estouraram.
É ou não uma estagnação?? Não estou dizendo que não devemos mais escutar as bandas antigas, o que digo é que eles precisam acordar, existe uma gama enorme de novas bandas no cenário nacional, pessoal o rock não morreu dos anos 80, ele evoluiu!!! Isso se chama, mulheres me desculpem a expressão: "gozar com o pau dos outros".
Exemplo: temos bandas com trabalho autoral na cidade ralando há mais de 10 anos que não tem seu trabalho reconhecido, ao mesmo tempo se surge uma banda que faz do seu repertório uma salada das mais indigestas pra quem os ouve, mas mesmo assim é considerada uma "revelação", pois então perdoem-me, mas prefiro continuar cantando minhas angústias na frente do espelho. Como diz os Titãs: "A melhor banda dos últimos tempos da última semana".
Um abraço e fiquem com Deus!
Só pra citar um exemplo, eu trouxe em Julho de 2005para tocar na cidade uma banda novata do Recife chamada Volver, a prefeitura promoteu o som para a Praça do Estudante, mas "farrapou" em cima da hora num caso típico de descaso com nossas ideias, coloquei-os então pra tocarem em uma garagem e pedi desculpas pelo incoveniente, convidei-os então para tocarem na Festa de São Miguel
do mesmo ano para compensar o fato ocorrido em Julho. Resultado: desligaram o som da 3ª música dos caras, não tinha nenhum representante da Prefeitura para nos dar respaldo e fomos escurraçados do palco pelos caras do som a mando de "eu sei quem". O interessante e vergonhoso para mim foi que junto com a banda tinham vindo alguns jornalistas do recife pra verem o show dos caras e novamente foi aquela decepção. Hoje o Volver é considerado umas das principais bandas do novo rock de PE e brasileiro, com cd lançado na Espanha, Portugal e tocou recentemante em Gravatá abrindo o show do Rappa.

Betto Skin, idealizador do Capibaribe in Rock.

Roooooooock sempre!!!
Música é tudo!!!!

thonny hill disse...

Valeu grande Betto, é bom mesmo e que tenha muito sucesso essa sua iniciativa. É bom ver que tem muita gente boa que se preocupa com aquilo que nos é oferecido e em especial para nossos jovens, e sei que você é um deles e que sempre batahou pra isso acontecer. Um grande abraço.

Unknown disse...

É uma pena SCC ser assim. Em temporada de minha peça Fogo-Fátuo, tudo foi dificil em relação a diretoria de cultura e quando passou a peça o diretor veio cobrando uma taxa de 230,00 pra cada apresentação. Pra onde iria esse dinheiro? Vamos acordar minha gente!!!

Bebel Brayner disse...

A pura realidade, Thonny!
é triste chegar ao final de semana, depois de dias de trabalho, estudo e outras coisas..e se deparar com uma cidade totalmente desprovida de lazer.
A opção é comer ou ficar em casa... Fazer o quê? Esperamos que um dia essa situação mude, pois SCC não é tão pequena assim..nao é?

Beijao, tudo de bom!